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televisão

“Grey’s Anatomy”, a série velhinha que está em ótima forma!

Quanto mais antiga uma série, mais difícil é produzi-la. Com o sucesso da ABC, “Grey’s Anatomy”, não foi diferente. Atores abandonam o elenco, o salário da equipe técnica aumenta e a criatividade dos roteiristas se esgota depois de tanto tempo. Na estreia da oitava temporada, no entanto, o que a gente vê é uma série velhinha ainda em ótima forma!

Houve um tempo em que a série ganhou mais destaque pelos dramas dos bastidores, é verdade. Quem não se lembra da polêmica entre o gay T. R. Knight, o George, que disse que sofria preconceito do Isaiah Wahshington, o Dr. Burke? Isso criou uma divisão no time, com Katherine Heigl, a Izzie :), tomando as dores da “ala gay”.

Isaiah, que, na época, movimentava bem a trama do hospital, foi desligado da série. Há quem diga que os comentários homofóbicos dele eram comportilhados por Patrick Dempsey, mas que produtor-executivo demitiria o galã McDreamy?

Mas se tem algo do qual não podemos reclamar nestas oito temporadas, é da capacidade que “Grey’s Anatomy” tem de se reinventar pelo roteiro. Shonda Rhimes, a autora e criadora, é a grande responsável por isso.

Com um time formidável de roteiristas ela elaborou os mais intensos dramas da TV moderna. E com personagens deliciosos e já inesquecíveis, como a Meredith Grey da Ellen Pompeo e a insubstituível Sandra Oh com a Cristina Yang!

Não concorda? Ainda não acabou! Corre depois do pulo para discutir comigo!

O Seatle Grace só perde para o General Hospital, de ER, no quesito “tudo de ruim acontece aqui”. O fato é que um bom drama médico não vive apenas de acidentes, mas também de bons personagens. Nessas temporadas todas vimos não só a evolução daqueles que foram apresentados no episódio piloto, mas a saída e a chegada de vários.

Shonda Rimes soube se aproveitar das crises pelas quais a série passou, como na saída de Katherine Heigl. Para quem não se lembra, a bonitona já andava criticando a série, recusou concorrer ao Emmy por não estar ganhando um bom material de roteiro e por aí vai…

Heigl queria se dedicar mais ao cinema. Pedia folgas e afastamentos para rodar filmes e cuidar do filho adotivo. Várias situações que devem ter dificultado muito a vida dos roteiristas. Até que ela pediu para sair de vez e Shonda Rhimes aceitou, mas fez sua vingancinha: demitiu a personagem em horário nobre, passando o recado de quem não a queria mais ali era ela.

Foi ou não foi genial aquela cena? Tenho uma teoria de que se Heigl não saísse ali, Shonda teria dado o balaço na testa dela no início do season finale do massacre. Mesmo assim, Cheers, Shonda!

E se os roteiritas dessa série têm a capacidade de nos apresentar boas histórias e ganchos como este, eles são ainda melhores em nos fazer cair de amores pelos personagens que chegam. April, Sloan, Lexie e tantos outros. Nenhum deles fazia parte do elenco original da série.

Hoje não seria mentira dizer que até aceitaríamos a continuação da história com estes novos caras ao invés de alguns antigos. Afinal, estamos no último ano de contrato dos atores do elenco principal. Os rumores são de que Patrick Dempsey e Ellen Pompeo deixarão o programa. Você se importa com isso? Sendo bem sincero, com a little Grey na história eu já fico mais contente. Acho mesmo que a época de Meredith e Derek já foi e se eles tiverem que seguir o vida fora do Seattle Grace com a Zola, tudo bem, não vou chorar.

O oitavo ano será, sim, um ano definitivo, assim como todos os outros foram de certa maneira. Muitos julgaram que “Grey’s” estava fadada ao fracasso com a saída de George e, logo depois, com a ausência de Heigl. Muitos disseram que não haveria mais o que fazer após o fatídico season finale do massacre. O que mais os roteiristas iriam inventar?

E cá estamos nós, discutindo a mesma “Grey’s Anatomy”. É fato que os episódios iniciais desta temporada deram um sustinho. Não parecia a mesma série. Algo estava mais devagar. Mas quem já assistiu os episódios mais recentes, com certeza percebeu que o drama voltou à boa forma. Com mais ironia, mais sininhos do elevador e mais romance. A série está mais adulta. Os bebês ganham lugar em cima da pegação. Mas o público também está mais adulto e arrisco dizer que estamos gostando de tudo isso.

Ou não?

* Caio Fochetto (@caiofochetto) é paulistano, um dos criadores do Box de Séries e aqui no Papelpop ele sempre escreve sobre seriados todos os domingos.

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