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Com músicas inéditas, Rosalía leva som e passos do flamenco ao palco do Coachella

No início do mês de abril, Rosalía fez uma breve passagem pela América Latina para duas apresentações. Na ocasião, a cantora espanhola tocou nas edições chilena e argentina do festival Lollapalooza e no festival mexicano Ceremonia, sempre para plateias animadas, fervorosas e por que não ditas também ardentes.

No Brasil isso não aconteceu, embora quiséssemos muito e tenhamos deixado isso claro durante os três dias de festa (este foi unanimemente um dos assuntos mais comentados pelos cantos do Autódromo de Interlagos. Bastava reparar).

Tendo cumprido seus compromissos nos países hermanos, a cantora seguiu direto para a Califórnia onde no início da madrugada deste sábado (13) se apresentou como uma das atrações de outro evento importante do circuito internacional, o Festival Coachella.

Em uma apresentação marcada pela segurança e pelo resgate às influências de sua terra natal, Barcelona, Rosalía, que desfruta do auge de seus vinte e cinco anos, entregou ao público norte-americano um show de pouco mais de uma hora. Embora já tenha dois álbuns de estúdio lançados, repertório ficou restrito em sua maioria esmagadora ao seu trabalho mais recente, o disco “El Mal Querer”, lançado em 2018.

Logo na abertura Rosalía foi ovacionada pela platéia, efeito que se seguiu durante toda a apresentação de “PIENSO EN TU MIRÁ”, uma das faixas mais emocionais do trabalho. Na sequência, a cantora diminuiu o ritmo para embalar os presentes ao som de “Barefoot In The Park”, sua parceria com o britânico James Blake. Uma canção doce e calma, trilha sonora de um fim de tarde melancólico sem dificuldade.

Trazendo no corpo um figurino de látex vermelho e seus tradicionais tênis esportivos e unhas minuciosamente elaboradas, a artista interagiu quase o tempo todo em inglês. Com certo sotaque (a gente achou um charme), a cantora agradeceu ao apoio dos fãs e ressaltou o quanto pisar naquele palco era uma conquista plural, sendo pertencente também a todos que vieram do mesmo lugar que ela.

“Vim de Barcelona, muito, muito longe, sim? E significa muito para mim e para o meu povo. Estar com vocês”.

De seu primeiro álbum de estúdio, “Los Angeles”, que pode ser considerado seu trabalho mais próximo do flamenco até então, a cantora sacou “Catalina”. A faixa, bastante dramática, foi cantada de início à capella enquanto as batidas inconfundíveis do gênero iam crescendo ao fundo.

Com um domínio amplo do espaço que tinha disponível (um indicativo de sua maturidade no palco), Rosalía emendou “QUE NO SALGA LA LUNA”, acompanhada por um grupo de quatro músicos que entre palmas e vocais remontavam o fim de um amor nas tardes da Catalunha.

Embora já não seja nenhuma novidade o fato de que seus números de dança tornam sua apresentação um espetáculo particular, a gente não deixa de ficar de boca aberta sempre que a cantora resolve mandar ver no baile flamenco, como aconteceu durante “MALDICIÓN”, no elaborado número com cordas preparado para a dolorosa “BAGDAD” ou enquanto rolava o remix de “No Me Llames Más Que Ya No Voy”, sucesso do cantor Parrita.

Após ter feito um cover de “Te Estoy Amando Locamente”, faixa clássica do grupo Las Grecas, foi a vez de suas parcerias com J Balvin entrarem no set. Em uma sessão de featurings, Rosalía deu vida a “Brillo” e “Con Altura”, seu single mais recente. As posições bem sucedidas postas em evidência nos charts ganharam vida neste momento, quando a plateia pareceu sair direto de um estado de anestesia rumo ao êxtase. Artista!

Por falar nisso, rolaram duas músicas inéditas na setlist. “Aute Culture” e “Como Alí”. Vem ouvir um trecho:

Após apresentar tanto sua banda, quanto suas dançarinas, momento que aconteceu enquanto rolava um remix cheio de referências e trechos de clássicos seus (isso precisa ir parar nas plataformas!), foi em meio a um quase breu que rolou o anúncio do fim.

Ao cantar seu grande hit, “MALAMENTE”, interpretada em combinação a movimentos precisos e intensos, Rosalía teve a certeza de que a plateia estava a seus pés – e que muito provavelmente, essa realidade se refletirá por onde quer que passe.

A gente te espera aqui, cristal precioso!

 

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