A atriz Kelly Marie Tran – a nossa querida Rose Tico de Star Wars – publicou um ensaio no jornal The New York Times, nesta terça-feira (21), após ser vítima de comentários nas redes sociais.
Tran, a primeira mulher asiática a ter um papel de destaque na saga, deixou as redes sociais depois de receber diversos insultos racistas, xenófobos e machistas. “O problema não foram as palavras deles, mas o fato de que eu passei a acreditar nelas e entrei em um aspiral de ódio contra mim mesma”, escreveu a atriz.
“As palavras pareciam confirmar o que aprendi ao crescer como uma mulher e uma pessoa não branca: pertenço às margens, válida apenas como uma personagem menor nas suas vidas e histórias. […] As palavras deles reforçaram a narrativa que ouvi durante toda a minha vida: que eu era o ‘outro’, que não pertencia, que não era boa o suficiente simplesmente porque não era como eles. Percebo agora que esse sentimento foi e é vergonha pelo que me torna diferente, vergonha da cultura da qual vim. E, para mim, o mais decepcionante é que senti tudo isso.”
A atriz, então, conta que começou a se culpar, justificando a si mesma que não era magra o suficiente e que, talvez, se não fosse asiática, fosse mais aceita.
“Durante meses, entrei em uma espiral de ódio, entrei nos lugares mais sombrios da minha mente, onde me rasguei, onde coloquei as palavras deles acima da minha própria auto-estima. Foi então que percebi que fui enganada. Fizeram uma lavagem cerebral em mim para que acreditasse que minha existência foi limitada às fronteiras da aprovação do outro. Me fizeram acreditar que meu corpo não era meu, que sou bonita apenas se outra pessoa acredite nisso, independentemente da minha opinião. Ouvi isso várias vezes da mídia, Hollywood, empresas que lucram com as minhas inseguranças, me manipulam para que compre suas roupas, suas maquiagens, seus sapatos para preencher um vazio que foi perpetuado por eles em primeiro lugar”.
Kelly Marie Tran conclui que quer viver em um mundo em que crianças e adolescentes de outras etnias não cresçam sonhando em ser brancos ou que as mulheres não sejam vítimas de ódio pela sua aparência e existência. Em resumo, que todos sejam vistos como seres humanos.
“Esses pensamentos surgem na minha cabeça toda vez que pego um roteiro ou um livro. Sei que a oportunidade que tive é rara. Sei que pertenço a um pequeno grupo de pessoas privilegiadas que vive para contar histórias, que são ouvidas e vistas por um mundo que, durante tanto tempo, só provou a da mesma coisa. Sei o quão importante isso é. E não vou desistir. Vocês podem me conhecer como Kelly. Sou a primeira mulher não branca a ter um papel de protagonista em um filme da franquia Star Wars. Sou a primeira mulher asiática a aparecer na capa da Vanity Fair. Meu nome verdadeiro é Loan. E só estou começando.”
Po-de-ro-sa!