Você deve conhecer Beth Ditto por ser vocalista da banda Gossip, muito conhecida no início dos anos 2000, inclusive com o sucesso Standing in the Way of Control na trilha sonora da famosa série britânica Skins.
Pois bem, hoje a cantora apareceu – de volta – na capa da conceituada revista gringa The Love Magazine. Na entrevista, Beth Ditto, que há dez anos foi estrela da capa inaugural da revista, comenta sobre as mudanças que ocorreram na sua vida e no mundo durante esse período.
“Tudo mudou muito. Eu me casei, eu me divorciei, o casamento gay foi legalizado. Nós tivemos um presidente negro; agora nós temos Donald Trump e Brexit [a saída da Inglaterra da União Europeia]. Deus. Tantas coisas aconteceram. No mundo de agora, se você tem um coração, isso é difícil.”
Sobre política e o presidente dos Estados Unidos, a cantora comenta:
“Donald Trump é um idiota. Eu nunca vi ‘falhar’ funcionar tão bem para todo mundo. Isso foi o jeito mais excepcional e icônico de falhar. Dizem que os ‘bullies’ sempre perdem, mas na vida real isso não acontece. Eu acho que a questão que estamos lidando agora é que temos um presidente jogador de golfe racista, machista, homofóbico… Capitalismo é o patriarcado em ação. Eu acredito que se aprendemos uma coisa desta eleição, assim como Brexit, é que os racistas não são pessoas ignorantes. Eles podem ser homens brancos, de terno, que vão para o trabalho todos os dias e movimentam bilhões de dólares. Esse é o sistema e é contra isso que estamos. Não estamos contra ‘caipiras com forquilhas’ – esse não é o problema e eu acho que fomos mal direcionados por muito tempo.
Beth continua dizendo que está agindo diferente do modo como as pessoas que a conhecem esperam:
“Eu tenho estado muito introspectiva, sendo mais atenta com a maneira que eu enxergava o mundo e não vendo mais as coisas como garantidas. Pensando sobre meu privilégio branco e a maneira com que, eu sendo uma mulher publica, as coisas que eu faço afetam outras pessoas. Para mim este tem sido um tempo realmente triste.”
E cita a escritora Coretta Scott King:
“A luta é um processo que não acaba. A liberdade nunca é realmente conquistada. Você vence e ganha em cada geração.”
A cantora, que está em um novo relacionamento com uma amiga de infância, que também toca em sua banda, relembra a sua descoberta no ritmo punk.
“Eu gosto que esse ritmo tem sua própria ideia de beleza e sua palatabilidade e aceitabilidade, então o punk foi a minha salvação. Eu acho que quando eu descobri o punk eu descobri o feminismo. Então quando eu descobri o ‘punk de garagem’ eram as duas coisas que realmente faziam sentido para mim. […] Tudo que eu pensava, uma coisa ruim ou algo que você foi ensinado a ter vergonha, ou que você foi chamado, ou uma ofensa – de repente tudo isso mudou de sentido. […] E então o punk realmente me deu uma nova linguagem para eu me entender e um novo filtro para ver o mundo de forma completamente diferente. Me tornou uma pessoa mais positiva, porque quando as coisas são tão negativas, sempre tinha algum lugar para ir que tinha alguma raiva ou inspiração. Eu não senti como se fosse a única pessoa que estava com raiva. Mesmo que eu estivesse em um ambiente cheio de pessoas que não eram nada como eu, eu sabia que havia pessoas por aí em algum lugar que eram. Eu não sei o que eu teria feito sem o punk. Eu realmente não sei.”
Beth Ditto está em uma pequena turnê solo e também está se apresentando em alguns shows com a banda Florence and the Machine, nos Estados Unidos.
Além disso, podemos ver a cantora atuando ao lado de Joaquin Phoenix, Jack Black e Rooney Mara no filme Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot – ainda sem título em português – lançado recentemente pela Amazon Studios.