Se quando eu tinha meus oito ou nove anos alguém me dissesse que dali vinte e poucos anos, em apenas três dias, eu assistiria a Aerosmith, Bon Jovi e Guns N’ Roses, tenho certeza que minha adolescência teria sido mais tranquila.
Foi a segunda vez que vi o Aerosmith, a primeira do Bon Jovi e minha TERCEIRA com Guns, a banda que me fez gostar de hard rock, quando o “Appetite for Destruction” ainda era novidade. Na primeira, foi aquele caos de atraso, Bucket Head e um Axl em clara decadência; na segunda, foi até um pouco decepcionante a concentração do frontman em fazer o seu trabalho, MUITO bem feito, deixando o palco — e, por que não? — o próprio Guns N Roses na cabeleira do Slash, que foi a grande atração daquele dia, não por ser o seu retorno, ao lado de Duff McKagan, à banda, mas sim porque era ele que ia pra lá e pra cá, que endoidava a galera e enfim.
Aí veio o show do Rock in Rio 2017. Retorno de Slash e Duff McKagan a esse palco tão conhecido por Axl Rose. E o retorno, na medida do possível, dos Guns N’ Roses ao festival.
Mais de TRÊS horas de apresentação. Há quem pergunte se precisava. Muita gente na Cidade Rock responderia que não. Mas INFINITAMENTE mais gente, que não arredou o pé daquele lugar antes das quatro da manhã. QUATRO DA MANHÃ.
O show segue o padrão de segurança da “Not in this Lifetime Tour” — do set a cada um dos movimentos de palco. A diferença, porém, é que no Rock in Rio o Axl estava mais um pouco mais solto. Usou tudo o que podia do palco, sorriu, acenou e até, olha só, conversou com a plateia.
Tudo bem que foi durante um problema técnico e ou ele falava ou ficaria aquele silêncio constrangedor, mas falou.
O Twitter me disse que, aparentemente, as coisas em termos de som pela TV não estavam lá muito boas. Não se engane: AO VIVO a banda funciona direitinho. Claro que a voz (e o pique) do Axl não são mais os mesmos, mas a banda já tá nessa fase de não precisar provar mais nada pra ninguém, seguindo em frente. Talvez o problema seja a galera que EXIGE o mesmo de antes, ao invés de reconhecer a, vamos chamar assim, evolução dos últimos 16 anos (já parou pra pensar que o “Chinese Democracy” é um álbum de quase 10 anos de idade?)
Tá, ok… “Black Hole Sun”, homenagem a Chris Cornell, não foi mesmo aquela coisa toda. Mas, valeu. Assim como aquele mar de gente cantando “Sweet Child O’Mine” em todos os cantos da cidade do rock — mais do que “I Don’t Want to Miss a Thing”, do Aerosmith, e “Livin’ on a Prayer”, do Bon Jovi.
Fato é que Guns N Roses fez história. Com 45 minutos a mais do que os normais e cronometrados 120 minutos da “Not in this Lifetime Tour”, Axl, Duff e Slash voltaram ao Rock in Rio.
E agora a gente segue em frente.
Mas que eles podiam ter tocado “The Seeker” mais cedo com os caras do The Who, ah, isso eles podiam… ;)
Por Thiago Borbolla (do Judão), direto do Rio de Janeiro