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Tribalistas voltaram com a mesmice que os fãs queriam

Os Tribalistas despertaram de um sono profundo de 15 anos na semana passada com quatro músicas inéditas e a promessa de um álbum cheio para o fim deste mês. Por que o furor? São três cabeças pensantes de importância absoluta na música popular brasileira que fizeram um baita estrago no comecinho dos anos 2000.

Para quem estava vivo na época, os Tribalistas entraram em sua vida de alguma maneira. Ainda não existia streaming, nem Myspace. O jeito era ligar a TV e a rádio e esperar o que tinham para entregar. Qualquer brasileiro decorou a letra e, quem sabe, os acordes de pelo menos duas músicas deles: “Velha Infância” e “Já Sei Namorar”.

Durante estes quinze anos aconteceu bastante coisa no mundo, mas parece não ter afetado o trio. As novas cantigas parecem ter sido compostas na época em que eles surgiram. A mesma estrutura que fizeram o grupo alcançar o topo no Brasil e Portugal. Com a sua voz grave, Arnaldo Antunes está responsável pelas poesias em meio as músicas. Carlinhos Brown é o cara da contenção, onde aparece com batuques e dobra o canto nos refrões. Marisa Monte é a mulher que conecta tudo. Com um olhar diz para o violinista entrar, segura os ânimos de Brown e toca seu violão sem esforço algum, cantando de forma doce.

“Desde que fizemos o primeiro álbum, nunca deixamos de estar próximos nem paramos de compor em parceria. Mas, desta vez, sentimos que tínhamos em mãos uma coleção de canções que soavam mais potentes quando cantadas pelos três juntos, daí surgiu o desejo de gravar um novo álbum”, contou Marisa Monte em transmissão ao vivo no Facebook.

Se eles tinham este elo tão forte durante este hiato, por que desmentiam com os pés juntos sobre a possibilidade de um disco novo? Esta lenda urbana está rondando há uns três anos, mas sempre a resposta era a mesma. Não sei se era algum golpe de marketing para fazer um efeito mais impactante. Enfim, o grupo está de volta com algumas canções para deleite dos fãs.

As músicas que têm mais cara de single e se aproximam da ‘febre Tribalistas’ são “Aliança” e “Diáspora”. As letras contêm um significado interessante, um refrão chiclete e um instrumental convidativo para quem nunca ouviu o trio ou que era fã de carteirinha. Em “Diáspora”, Marisa Monte utiliza a mesma construção de “Amor I Love You”, música que fez um grande sucesso em 2000.

Esta camada nostálgica dos Tribalistas poderia ser encarada como cafona ou datada, mas eu não tive esta impressão ao ouvir o apanhado de inéditas. É complicado quando isso acontece, e temos diversos exemplos em nossa música. Por exemplo, eu estava ouvindo estas músicas dos Tribalistas no YouTube, quando fui levado para uma canção chamada “Sambassim”, da cantora Fernanda Porto.

Um pouquinho antes do lançamento dos Tribalistas, houve uma onda drumbass, MPB e afins. Hoje não é algo que as pessoas consomem, ou existe alguma corrente que ainda toca este tipo de música. Não que seja ruim, mas este formato não amadureceu conforme o tempo. Meio que morreu.

Falando sobre músicas datadas desta época é impossível não lembrar de outro grupo que foi lapidado para fazer sucesso, o Rouge. Claro, as credenciais são diferentes. Ao invés de pegar grandes nomes da música brasileira, o grupo foi formado por civis num reality-show na televisão aberta. E deu muito certo.

O Rouge era originalmente composto por Aline Wirley, Karin Hils, Lu Andrade, Atma Mutriba, e Li Martins – as duas últimas, na época, conhecidas como Fantine Thó e Patrícia Lissah, respectivamente. O sucesso delas ganhou força pelas canções “Não Dá pra Resistir”, “Beijo Molhado” e, principalmente, “Ragatanga”. O primeiro disco delas quase atingiu a mesma marca que os Tribalistas: dois milhões de cópias vendidas. DOIS MILHÕES!


Volta, Rouge!

Elas estão ensaiando uma volta desde o ano passado, com algumas músicas acústicas e apresentações. Caso o Rouge volte pra valer, a fórmula terá que ser revista para que seja um tiro certo. Ouvir um disco delas em 2017 é algo que causa estranheza e nostalgia. Não digo que é ruim, mas os timbres e referências são encaixados para a época, não conversa com o que vivemos hoje. Nem um pouco.

Espero que o Rouge escancare e faça algo fora da curva para as novas músicas. Os Tribalistas trancaram a sua volta com sete chaves para apresentar algo que o fã que queria: mais do mesmo.

O jornalista paulistano, produtor musical e marketeiro Brunno Constante analisa, pondera, escreve e traz novidades sobre música no Papelpop todas as terças-feiras.

Fita Cassete é o alterego de Brunno quando ele fala sobre o assunto.

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* A opinião do colunista Brunno Constante não necessariamente representa a opinião do Papelpop. No entanto, por aqui, todas as opiniões são bem-vindas. :)

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