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O dia que a Laura Pausini me pediu ajuda para ser jurada do “The Voice Brasil”

Como se eu pudesse fazer alguma coisa, né? Mas tudo bem, prometi tentar…

Antes de contar como foi o meu encontro com a cantora italiana Laura Pausini, preciso fazer uma confissão: nunca fui fã ao ponto de saber todas as suas letras, nem nada do tipo. Obviamente, assim como milhões de brasileiros, já curti “La Solitudine” e como bom fã da Kylie Minogue que sou, sou apaixonado pelo dueto “Limpido”. E só. Porém, tudo isso mudou esta semana com a chegada da Laura ao Brasil para promover seu novo álbum, “Simili”/”Similares”…

Como de costume, o novo trabalho teve um lançamento em italiano e outro em espanhol. Num hotel em São Paulo, a ideia era eu me encontrar com a diva italiana para falar do novo álbum, mas o papo ficou mais com cara de conversa entre amigos do que uma entrevista. Resultado: saí dali como o fã número um dela.

Para você ter uma ideia do grau de intimidade, isso aconteceu:

Quando o artista surpreende pela humildade…

Já estou há dois anos no Papelpop e nesse tempo já tive o prazer de conversar com artistas mega simpáticos, mas nem sempre é assim. Às vezes, até mesmo por conta da árdua maratona de entrevistas que enfrentam, muitos artistas não esbanjam muita simpatia e, na melhor das hipóteses, são apenas blasé.

Acostumados com isso, nós, jornalistas, quando chegamos para entrevistar alguém, também já vamos levando as coisas de modo mais frio e automático. Mas a Laura Pausini, mesmo com sua jornada tripla como mãe, cantora e jurada dos realities shows “La Banda” e “La Voz” (da Espanha e do México), é capaz de extravasar bom-humor e destruir qualquer gelo. Laura foi tão aberta, tão receptiva e carinhosa que eu comecei a ficar nervoso de tão emocionado.

Não tinha como fazer essa matéria de outra forma, a não ser com um relato em primeira pessoa. Afinal, foi tudo íntimo e carinhoso demais. Senti a necessidade de compartilhar com vocês a experiência de encontrar essa pessoa maravilhosa que é a Laura.

Assim que cheguei para entrevistá-la…

Cumprimentei-a e sentei na cadeira reservada a mim. Antes de sentar na sua, porém, ela pediu para alguém colocar a dela mais perto de mim (era uma cadeira muito pesada, gente).

“Assim como está eu fico muito longe de você”, disse com seu português cheio de sotaque italiano. No nosso papo, conversamos sobre o Brasil, reencarnação, novelas, ela me pediu ajuda para ser jurada do “The Voice Brasil” e ainda me fez rolar de rir imitando o Faustão! Hahahaha! <3

Papelpop: Bem-vinda mais uma vez ao Brasil!
Laura: Finalmente eu estou de volta. Eu precisava voltar, já tinha muito tempo que eu não vinha. Fico feliz de apresentar meu disco novo, mas também de poder estar poucos dias, mas alguns dias no Brasil.

Mais uma vez você lança um novo álbum tanto em italiano quanto em espanhol. Por que você é tão apaixonada por cantar em outras línguas?
Uma das coisas mais lindas eu aprendi durante meus 22 anos de carreira foi que eu posso falar diretamente com as pessoas, como estou falando com você. Agora que sou mãe, eu quero que minha filha possa falar em muitos idiomas.

Ela já sabe algo de outras línguas?
Ela sabe um pouco de inglês e de espanhol. A primeira vez que ela… Gatunou? (“Engatinhou”, gritam seus assessores) A primeira vez que ela engatinhou foi aqui mesmo, em São Paulo. É a primeira vez que eu viajo sem ela e eu fico mal. Mas quando eu voltar a fazer shows no próximo ano ela vai estar junto.

Geralmente quando você vem ao Brasil é com agenda de compromissos cheia, mas quando tem uma folga, o que você gosta de fazer por aqui? Algum lugar favorito?
Eu saio caminhando pela rua com minha amiga Carolina (Leal), uma das pessoas mais importantes da minha vida. Ela é daqui de São Paulo. Mas gosto de estar na rua e comer feijoada num restaurante típico. Agora, finalmente vou poder jantar com o Serginho (Groisman), mas muitas vezes que estou por aqui não tenho tempo de encontrar amigos como ele. Dessa vez estou aproveitando já que a Paola (filha) não está comigo.

E tem algum lugar do Brasil que você ainda tem vontade de conhecer?
Sim, a parte mais norte do Brasil. E gostaria muito de conhecer Brasília, porque eu estudei numa escola de arte e Brasília é uma das cidades mais importantes para a gente que adora arquitetura. Gostaria muito de fazer um show por lá.

Por que o Brasil é tão especial para você?
Na primeira vez que estive aqui, eu tinha uns 19 ou 20 anos, eu nunca havia falado português. Mas assim que cheguei ao aeroporto eu entendia tudo o que falavam comigo! Eu penso que na minha vida passada eu era do Brasil, acho que eu era uma carioca. Quando estou no Rio, parece que eu conheço a cidade muito bem, mas não é assim…

Você se sente em casa?
Sim, eu gosto muito disso… Mas ao mesmo tempo me dá medo, por que tudo isso? Então… Você acredita em vidas passadas?

Sim, acredito. Eu sou espírita… 
Então, eu também!

Suas músicas sempre são trilhas de telenovelas brasileiras, você já parou para assistir alguma? (Ela entendeu errado, mas eu deixei ela continuar)
Espero que sim, estar em uma telenovela é muito importante para nós que fazemos músicas mas não podemos estar no mesmo país, porque a telenovela nos ajuda a conhecer músicas de todo o mundo, então estou fazendo uma oração. Eu vou apresentar duas músicas novas e espero que eles gostem.

Você já chegou a ver alguma novela brasileira? 
Do passado? Sim, claro!

Tem alguma favorita? 
Bom, a primeira que tinha “Strani Amore”, gostava muito, mas não lembro o nome.

A Laura quer ser jurada do “The Voice Brasil”!

Você começou muito cedo e agora está tendo a oportunidade de ajudar jovens cantores no “La Voz” e no “La Banda”, como está sendo essa experiência?
É muito divertido e também difícil, especialmente com alguns garotos tão jovens. Eu lembro que quando eu comecei eu era bastante tímida e introvertida, mas hoje muitos jovens estão achando que já são famosos e eu não gosto disso. Às vezes eu sou muito dura com algumas pessoas que não são humildes. Na última noite, eu fui muito dura com um rapper, um garoto que tem uma energia incrível, mas não sabe cantar melodias. Ele só faz rap, o que também é importante, mas eu fui dura porque eu sei quem é ele por trás das câmeras. Então muita gente me diz: “você é muito dura”. Mas eu acredito que é importante ser honesta com o público, porque sempre fui sincera nas minhas entrevistas, nas minhas músicas. É uma experiência nova, mas as pessoas precisam ver como eu sou, às vezes mais fofa, mais dócil, e às vezes um pouco mais dura…

É, tem que ter um equilíbrio…
É importante, além do mais eu não tenho mais 18 anos, tenho 41 – com muita tristeza eu digo isso (risos). Eu aprendi muitas coisas durante o caminho, nesses anos, então é normal que eu não veja só a parte bonita. Mas é uma experiência que gostaria de repetir muitas vezes. Eu estou no “The Voice” da Espanha e do México e gostaria muito de estar também no “The Voice Brasil”.

Seria maravilhoso!
Sim, porque viver seis meses em uma nação que não é a sua, permite que você conheça muito mais de uma cidade que você só passa alguns dias por ano. Por exemplo, agora eu conheço muito bem a Cidade do México, Madrid e Miami… Gostaria de estar muito mais tempo aqui no Brasil. Onde se grava o “The Voice” aqui?

É no Rio!
NÃÃÃÃÃÃÃO!!!!

(Foi um grito completamente inesperado e que me fez cair na risada)
Eu já quero estar no programa e ainda mais no Rio?

(Risos) Tomara que te ouçam! E você já conhece tão bem a música brasileira, seria maravilhoso! 
É que não falo tão bem português… Mas pode ir preparando isso? Diga pra eles! (disse a Laura apontando firmemente para o meu gravador)

Sim, pode deixar eu digo! (Então, se alguém da Globo estiver lendo, estou repassando o recado agora)
No Rio, não me diga! Gostaria muito. Quando se grava?

Tem uma temporada sendo exibida agora.
Esse é um período muito importante. Estou com CD novo, programas de TV, então é difícil encontrar tempo, mas gostaria muito de participar.

A Laura imitou o Faustão pra mim! Hahaha!

O seu último álbum antes do “Simili” foi o “Greatest Hits”, que tem vários duetos…
Muitos, por isso nesse não tem nenhum! (Risos)

Mas tem algum artista que você ainda sonhe em fazer um dueto?
Há uma pessoa do Brasil, que é a Ana Carolina. Porque ela tem uma voz diferente das outras mulheres, as notas graves são muito interessantes! Agora eu gosto mais das vozes que não precisam mostrar que vão mais alto que tudo. Tem uma canção dela com o Seu Jorge, que eles cantam ao vivo… Isso é difícil de dizer…

(“Durante o parto dela, a Laura preparou uma setlist para ouvir e tinha a música do Seu Jorge com a Ana Carolina, ‘É isso aí'”, explica um amigo dela que estava na sala)
A Ana Carolina é uma das minhas favoritas… Eu já cantei com a Ivete, é por isso que digo isso, porque a Ivete era o meu sonho e agora é a Ana Carolina. Gosto das vozes do Brasil, são muito diferentes… Marisa Monte, gosto muito! As mulheres do Brasil são muito interessantes.

(Nesse momento me avisam que só tenho mais dois minutos com a Laura e preciso acelerar. Ainda tinha várias coisas para perguntar, mas nem liguei muito, a conversa tava tão agradável!) 

Eu li uma vez que você não se considera uma “estrela internacional”. Sério que você não se considera uma diva pop? 
Eu não gosto de “diva”, é uma palavra para pessoas que sempre estão “ah, assim” (nesse momento a Laura fez caras e bocas). E eu não sou assim. Eu uso vestido bonito pra fazer entrevista, mas depois fico de pijama. Sou muito mais normal que as pessoas imaginam. Adoro ficar mais bonita com maquiagem, mas é porque eu sou mulher, gostamos de ficar mais lindas.

(Agora pausa para o momento mais engraçado da entrevista, quando a Laura começou a imitar o Faustão na minha frente)
Eu quero que as pessoas conheçam minha música, não vou mentir, mas quando me apresentam como um “estrela internacional”… Quando vou no Faustão e ele: “A Laura Pausini, uma estrela internacional!”… Ele é muito doce comigo, mas eu sinto que eu sou mais uma amiga dele e do público dele do que uma estrela.

Mas tem alguma estrela que você admire? Alguém que você olhe e fale, “ah, essa é uma diva”? 
Para mim, as estrelas são mais pessoas como a Madre Teresa de Calcutá, pessoas que tenham mensagens de fraternidade. Pessoas que esqueceram das suas próprias vidas para se dedicar aos outros. Eu amo muitas cantoras, mas eu não posso dizer, por exemplo, que Lady Gaga é uma estrela. Para mim é uma cantora que eu adoro.

A entrevista acaba, mas ela continua conversando comigo!

Meu tempo já havia estourado. Desliguei o gravador do celular, agradeci e já ia pedir para ela gravar um vídeo curto para o Papelpop, mas a Laura continuou puxando papo comigo. Quis saber se eu era de São Paulo ou do Rio.

Quando eu disse que na verdade sou de Aracaju e expliquei mais ou menos onde fica a cidade, a Laura ficou muito animada! Disse que quer muito conhecer o Nordeste e que iria tentar passar por lá, logo depois que finalmente fosse visitar a Ivete ali do lado, na Bahia. Dá para acreditar em tamanha fofura? Hahaha!

Para completar ainda mais o meu dia, fui gravar um vídeo dela e a fofa ainda agradeceu a mim, “de trás do teléfono”, por ser tão “dócil” com ela.

Olha isso:

Hahahaha! <3

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