Não foi uma tarefa muito fácil entrevistar Theo James, astro de “Divergente”. Por vários motivos. O primeiro deles, como você pode conferir na imagem acima, é a beleza do ator. Complicado não se distrair ou achar graça de qualquer coisa que esse rosto, uma mistura de descendências grega, britânica e escocesa, fala durante a entrevista. Segundo porque ele é um cara muito, muito, muito sério. E, em terceiro lugar, porque não dava para saber se toda aquela seriedade e poucas palavras era da personalidade do cara ou porque ele já não aguentava mais dar entrevista.
Dava para entender se fosse a última opção. Quando encontrei Theo, no começo de abril, no México, ele tinha passado o dia anterior respondendo perguntas de fãs num saguão de hotel lotado de leitores apaixonados pela trilogia literária criada por Veronica Roth. No dia seguinte, ele passaria o dia dando entrevistas para jornalistas do mundo inteiro para divulgar o primeiro filme da saga “Divergente”, que chega ao Brasil nesse fim de semana.
Tudo novidade para o ator, que começa a saber o que é fama mundial após a conquista desse papel na saga adolescente. “Minha vida está bem louca”, confessa James.
Numa manhã de sol da Cidade do México, vou para um hotel gigantesco encontrar Theo James. Atravesso o lobby e vou andando até os fundos, atravesso um jardim espetacular onde pessoas tomam café no meio de árvores, fontes e flores. Em volta desse “bosque” do hotel, do tamanho de um campo de futebol, estão algumas salas reservadas para o encontro com o ator.
Lá dentro, uma mesinha de centro e duas cadeiras. Numa delas está sentado Theo James, com calça jeans, tênis e camisa cinza de botão com as mangas dobradas até o cotovelo. Ele me cumprimenta com um firme aperto de mão.
Eu só consigo pensar em uma coisa para dar início ao nosso papo: a participação que ele fez na primeira temporada de “Dowton Abbey” (acima), na pele de um diplomata turco sedutor que acaba indo para a cama com Lady Mary e… Bom, vocês sabem o que acontece.
Papelpop: Em primeiro lugar, fico feliz sabendo que Pamuk de “Downton Abbey” está vivo e agora cheio de audácia em “Divergente”…
Theo James: É verdade (risos). Fiquei contente com esse papel. Foi rápido e ao mesmo tempo muito marcante pra muita gente.
Eu vi o filme ontem e a química entre você e Shailene é a coisa mais marcante, na minha opinião…
Poxa, muito obrigado!
Acompanhei vocês ontem falando com fãs aqui no México. Pareciam irmão e irmã, rindo um do outro, sacaneando…
Mas nem foi sempre assim, sabia? Nós só começamos a nos dar bem perto do final do filme e ficamos muito próximos só agora quando começamos a promover “Divergente”, por causa das entrevistas. Não dá para conhecer alguém tão bem durante a gravação. Mas agora comemos juntos, vamos para entrevistas, passamos por tudo juntos. Às vezes quando você termina um filme nem parece que conhece aquela pessoa de verdade.
Porque durante as filmagens vocês são somente os personagens…
Sim! E eu quis nesse filme, de propósito, me afastar da Shailene porque depois da metade os personagens ficam muito próximos e eu queria que aquilo fosse bem perto da realidade, da gente se aproximando só ali mesmo.
Eu sei que Shailene é uma pessoa mega preocupada com alimentação e estilo de vida saudável. E você?
Eu disse uma vez que gostava de Cheetos, mas era zoeira. Ela é muito saudável, mas eu sou… Eu sou um cara. Eu simplesmente como. Eu até tento comer bem. Por exemplo, eu não gosto de comer peixe, mas me esforço. Mas também adoro um cheeseburguer.
Eu não te vi só em “Downton Abbey”, mas também no filme “The Inbetweeners”. Como é que Hollywood aconteceu para você?
Eu fiquei na Inglaterra fazendo seriados e filmes, mas depois comecei me interessar pela América. Fiz um seriado chamado “Golden Boy” e passei mais tempo nos EUA. E aí veio a oportunidade de “Divergente”, fiz o teste e cá estou…
Theo James fazendo o playboy garanhão na comédia britânica “The Inbetweeners”…
Theo James fazendo um vampiro em “Underworld: Awakening”…
No seriado “Bedlam”, que o fez mega famoso no Reino Unido…
Theo James em duas cenas do seriado “Golden Boy”…
E agora todo mundo nos EUA te reconhece nas ruas?
(risos) Para ser sincero, isso ainda não aconteceu. O filme saiu nesse fim de semana nos cinemas e desde então eu tenho feito divulgação, então não deu para sentir ainda…
Mas eu vi ontem. Você já tem fãs instantâneos por causa do livro. Todos parecem já te conhecer bem…
Com certeza (risos). O livro traz esse presente. Mas eu ainda não fui perseguido nas ruas.
Mas está pronto para ser?
Já nasci pronto!
É isso que importa… Qual é a coisa que você achou mais legal sobre o Quatro [personagem que interpreta em “Divergente”]?
Eu li os dois primeiros livros. Ainda não peguei o terceiro porque não quero ficar muito informado para não atrapalhar o personagem na minha cabeça. Mas o nome dele, a história dele me atraiu. O fato dele ser todo fodão. Mas o que mais gosto no Quatro é essa coisa de homem altamente perigoso e não muito agradável e fechado que acaba se abrindo quando se apaixona pela personagem de Shai [Theo só fala de Shailene assim, pelo apelido Shai – pronunciando “shey”].
“Divergente” tem cenas de ação que exigiram muito de você?
Eu tive que aprender muay thai para “Divergente”. Então é aquela coisa de ombro, joelho… Foi complicado porque meu conhecimento era só de boxe. Mas tive um treinador em Chicago que me ajudou bastante com meus chutes, que eram bem fracos.
Você é o tipo de cara que precisa malhar todo dia? Tipo essencial como café da manhã?
Sim. E se eu não faço isso, ferrou. É bom para o meu cérebro e preciso me exercitar sempre, mas às vezes eu não consigo malhar, como está acontecendo aqui agora que tenho muitas entrevistas.
Mas a academia desse hotel é fenomenal…
Eu sei, mas eu também tô preguiçoso nesses dias (risos). Mas eu volto amanhã sem falta.
Você está agora do mesmo jeito que estava em forma quando fez “Divergente”?
Não. Eu vou ter que voltar pra academia. Depois do “Divergente” eu tive que perder peso. Eu fiz um filme chamado “London Fields” que tive que perder peso e ficar mais magro. Não queria o personagem muito musculoso. E o mesmo serviu também para o filme que fiz em seguida, chamado “Franny”.
E para o próximo filme da saga “Divergente”?
Eu vou ficar bem maior para o segundo. Tenho que voltar pra p**** da academia (risos).
Agora umas perguntas rapidinhas que preparei… Personagem favorito do cinema:
Nossa, eu tenho muitos. Indiana Jones é um. De Niro em “Taxi Driver” e Geoffrey Rush em “Shine”.
Cantores favoritos…
Jeff Buckley, Bob Dylan e Otis Redding.
Último livro que te fez chorar…
Eu não sou um chorão, sabia? Mas o último que li e gostei foi “The Round House”, da Louise Erdrich.
Último filme que te fez rir…
“Tudo por um Furo (Anchorman 2: The Legend Continues)”. Incrivelmente engraçado.
A melhor qualidade da sua companheira de filme (Shailene)…
Alegria infinita.
A pessoa por quem você está apaixonado precisa ter…
A garota tem que ser… (Theo dá um sorriso envergonhado enquanto pensa e demora alguns segundos para responder). Ela precisa saber lidar com minhas estranhezas.
Se os países do mundo fossem dividos em facções, em qual você colocaria o Brasil?
Na Audácia, com certeza!
Jura? Pensei que você inventaria alguma facção “Diversão” ou algo do tipo…
Não. Os audaciosos são como estrelas do rock. E eu acho a mesma coisa dos brasileiros. Vocês são como estrelas do rock para mim.
“Divergente” estreia na quinta-feira (17), no Brasil. Eu já vi o filme (saiba como é aqui).
[Na quinta-feira, o Papelpop coloca no ar a entrevista com Shailene Woodley, estrela de “Divergente” e “A Culpa é das Estrelas”]